quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

leitura


leitura, que é um testemunho oral da palavra escrita de diversos idiomas, com a invenção da imprensa, tornou-se uma atividade extremamente importante para o homem civilizado, atendendo múltiplas finalidades.
Podemos vincular o conceito de leitura ao processo de letramento, numa compreensão mais ampla do processo de aquisição das habilidades de leitura e escrita e principalmente da prática social destas habilidades. Deste modo, a leitura nos insere em um mundo mais vasto, de conhecimentos e significados, nos habilitando inclusive a decifrá-lo; daí a noção tão difundida de leitura do mundo.
A escrita precisa ter um sentido para quem lê, pois saber ler não pode ser representar apenas a decodificação de signos, de símbolos. Ler é muito mais que isso; é um movimento de interação das pessoas com o mundo e delas entre si e isso se adquire quando passa a exercer a função social da língua, ou seja, quando sai do simplismo da decodificação para a leitura e reelaboração dos textos que podem ser de diversas formas apresentáveis e que possibilitam uma percepção do mundo.
A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra. O ato de ler vai ocorrendo ao longo de suas experiências existenciais. Desde sua concepção, a criança vai se exercitando nas tantas “leituras” que o seu pequeno mundo lhe permite, por meio de sua percepção sensorial; depois, a leitura da palavra vai se consolidando, ao longo da sua escolarização, superpondo-se à leitura do mundo.
Segundo Fanny Abramovich, é por meio de narrativas que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, de outra ética, outra ótica... É ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque, se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser Didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo).
Dois bons motivos para se ler (entre tantos outros):
É uma atividade básica na formação cultural da pessoa. Além disso, é uma excelente atividade de lazer. A leitura de uma narrativa bem urdida, de um conto, de uma crônica e de diversos outros gêneros literários constitui uma valiosa atividade a ser incluída em nossos momentos de lazer.
Ler é benéfico à saúde mental, pois é uma atividade neuróbica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.

Leitura


Ler é uma das competências mais importantes a serem trabalhadas com o aluno, principalmente após recentes pesquisas que apontam ser esta uma das principais deficiências do estudante brasileiro. Não basta identificar as palavras, mas fazê-las ter sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante. Esta seção traz artigos e links que abordam a questão da leitura e da literatura.

Alfabetização Coesão e Coerência


Para os interessados em linguagem, foi lançado pelo Mercado das Letras o livro O texto na alfabetização – Coesão e Coerência, uma abordagem acerca da qualidade do texto usado na sala de aula. A obra faz parte da série Idéias Sobre Linguagem e é fruto de trabalho da autora Gladis Massini-Cagliari junto a professoras alfabetizadoras entre os anos de 1991 a 1993. Partindo da idéias da corrente teórica da Lingüística Textual o livro apresenta contribuições para as atividades realizadas com texto na sala de aula, o enfoque principal é para as séries iniciais, mas isso não impede que o livro seja de grande valia para professores que trabalham outras disciplinas ou com alunos maiores, afinal, o texto está presente de forma direta seja qual for a disciplina ou série em que se trabalha, assim, para Gladis, “muitos dos conhecimentos produzidos pela Lingüística podem beneficiar outras ciências e artes, na medida que usam, de alguma maneira, a linguagem falada ou escrita” (MASSINI-CAGLIARI, 2001 p.14). O livro também é indicado para estudantes ou iniciantes na pesquisa em linguagem, já explica termos básicos, especialmente no primeiro capítulo, onde é apresentado um apanhado geral de conceitos da Lingüística Geral Moderna desde Saussure até Chomsky. Nesse capítulo também é abordada a temática da variação lingüística, seja ela devido a idade, local de moradia, sexo ou classe social. O texto mostra a existências dos dialetos de maior e menor prestígio social, segundo a autora “o que faz com que alguns deles (dos dialetos) sejam considerados melhores ou piores do que os outros pela sociedade não são as suas características lingüísticas, mas as características das pessoas que falam tais dialetos” (2001, p. 17) e ainda “os diletos valem, dentro da sociedade, o que valem os seus falantes” (p. 25). A escola encara a variação lingüística de duas formas: a mais comum é atribuir a determinado dialeto valor de certo ou errado; ou ainda há os que fazem uma gramática das diferenças entre os dialetos observando como a sociedade age. Essa segunda opção é muito mais trabalhosa para o professor, porém se mostra mais justa, pois considera os diferentes falares dos alunos. Já no que tange à coerência, é necessário explicitar os fatores que influenciam na construção do sentido em um texto. Dentre eles podemos citar o conhecimento lingüístico, que se refere aos conhecimentos das estruturas lógicas do idioma e o conhecimento de mundo, que é o conhecimento compartilhado entre os falantes e acionados no momento da leitura. A problemática é que, na vida adulta, pessoas consideradas alfabetizadas apresentam dificuldades no momento de produção/interpretação de textos escritos. Não se trata apenas de pessoas com pouca escolarização, já que isso acontece em concursos e no vestibular. A hipótese levantada é que o problema esta na “maneira como a escola trata os textos escritos, desde a alfabetização até o segundo grau”. Assim, a autora mostra que é possível que a escola trabalhe com no mínimo duas posturas perante o texto, posturas essas que produzirão reações diferentes do futuro leitor/produtor perante um texto. Partindo do pressuposto de que a criança formula seu conceito de texto a partir dos primeiros textos escritos que chegam até ela, é possível, já de início, vislumbrar a importância da escolha dos textos usados em sala, já que eles é que servirão de modelo ideal do qual a criança parte no momento da produção escrita. O primeiro texto que a grande maioria das crianças entre em contato é o texto da cartilha de alfabetização, assim, tragicamente ela o adota como único modelo e passa a usá-lo como referência nas próprias produções. Ao proceder uma análise sobre a coesão e a coerência de tais textos compreende-se o uso da expressão trágico. Esses textos possuem poucos e maus utilizadoselementos coesivos e a coerência pode ser considerada como fraca pois o texto vem descontextualizado, não tem razão de ser, muitas vezes as palavras são escolhidas somente pela sonoridade e a própria frase apresenta construções absurdas ou preconceituosas. Observe um dos exemplos apresentados pela autora, da cartilha No Reino da Alegria: Em contraponto a esse modelo de ensino baseado nas cartilhas é outro que tem utilização menos freqüente, mas que se livra de tais textos. Ele se baseia na construção de textos a partir do conhecimento lingüístico da oralidade já conhecido pelo aluno, apresenta resultados bem mais satisfatórios. Os problemas com pontuação e ortografia aumentam, mas em comparação com os textos das cartilhas, quase não apresentam problemas de coesão e coerência. Gladis nessa obra dá conta de introduzir e iniciar o esclarecimento dessa problemática, que se estende não só aos textos de alunos mas também aos diversos textos que produzimos ou temos acesso no cotidiano. A consciência dos fatores que compõe tais textos é despertada com a leitura de o “Texto na Alfabetização – Coesão e Coerência” lançado em 2001 e muito atual em suas 135 páginas de fácil e prazerosa leitura.